Eu via pelos teus olhos;
E pelos teus olhos, eu também me via;
E me sentia meio que complacente;
Mas os teus olhos, um pouco sem brilho;
Olhavam a janela dos automóveis luxuosos, e dentre deles;
Via crianças que nem você, só que um pouco mais diferente;
Com cabelos arrumadinhos, cheirosos e limpinhos;
Da mesma forma que tu os via, eu via você e via também eles;
E me sentia um pouco desconexa;
E começava a refletir o que passava em teu coração;
Talvez de certo perguntavas:
-Que fiz eu pra estar aqui?!
-Na certa sou tão insignificante, que era bem melhor se nunca me questionasse;
E eu ti via percorrendo entre o carro prata, pedindo trocados;
E também eu cá me questionava:
Pobre menino de rua o que vais ser?!
Que instruções e que sina a vida te prepara?!
Onde está a tua família criança?!
E enquanto me moía de indagações, abriu o semáforo;
E eu cá sem ser notada, a minha condução, me conduzia;
Enquanto o carro prata reluzia;
E tu voltavas à calçada a sentar.
Dedicado uma desconhecida criança de rua, que passa despercebidamente por muitas pessoas, mas, que um olhar longuinquo e não observado figurou um pouco de uma das situações cotidianas, tidas como normais.
A.C.
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