domingo, 29 de junho de 2008

(23) - HOMENAGEM AO CADÁVER DESCONHECIDO...


De todos os caminhos que a vida nos deu
No pior deles você viveu
E não creio que de fato
Você o escolheu...

Roupas surradas, os pés quase sempre no chão
Não tinhas identidade
E sem ter um caminho certo
Perambulavas pela cidade...

Sua pele de frio ardia
Seu estomago de fome doía
Mas seu coração insistia e batia
E sem rumo e sem destino, você sofria...e vivia...

Sofrestes amarguras, foras enxotado, humilhado
Em seu rosto o olhar cansado
Já sem esperanças...desanimado
Pois fora por poucos ajudado...

Como suportavas viver seu dia a dia?
Se quando entardecia...sem ter moradia
Entre jornais e papelões...você adormecia...

Tiveste um dia família? Eras um ser humano
Mas da maneira que viveu, ate disso se esqueceu
Sofrias...possuías sentimentos
Afinal...eras composto como eu...

Porque afinal vivestes assim?
Seria destino, carma ou fraqueza?
Hoje já não mais importa...és "peça" de um laboratório
Em baldes ou sobre a mesa...

És admirável pela nobreza
Seja quem tivestes sido
Vivestes na pobreza e sem ter sido sua escolha
Hoje és cortado como folha...

A toda sociedade
Que não conseguiu te enxergar
Que por muitas vezes chegou a te desrespeitar
E é a essa mesma sociedade que hoje você vem ajudar

À você desconhecido
Só temos que agradecer
Pois a ciência não teria êxito
Caso não existisse " VOCÊ "...

Celia Piovesan

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